Gravura em MetalTítulo: Anotações de uma paisagem entardecida por um pincel.
Dimensões: 29 x 38,5 cm
Ano: 2006
segunda-feira, 8 de junho de 2009
O FABRICANTE DE VAGA-LUMES
"Sou destes homens que se interessam igualmente pelo finito e pelo infinito".
Murilo Mendes
Uma exposição do mineiro Paulo Lisboa, ainda mais uma coletânea de trabalhos realizados entre 1979 e 2003 é, definitivamente, uma mostra especial. É possibilidade, criada pelo proprio autor, de ver trabalhos e obras de expressividades e qualidades tais que, cada encontro com uns ou outra, é sempre um prazer. tão intenso que supera o pouco conhecimento que eventualmente, possamos ter sobre o artista e deixa a impressão que o gravador é (ou só pode ser) um dos melhores artistas brasileiros em atividade. E, não fosse indimensionável que existe na expressão, pode-se dizer que é mesmo.
Paulo Lisboa constrói cenas cujos motivos (graduados, mesclados, combinados, opostos) são a afirmação do discurso plástico e uma observação existencial do cotidiano. Que, por sua vez, tem irresistível sabor de narrativas, de prosa sobra a arte e o mundo, tendo a "vida" (essa flutuação e ação humana entre dimensões díspares) como metáfora e mediação entre as duas coisas. Assim, a criação de um texto ótico, abstrato, composto por rasuras, texturas, linhas, sinais, existe junto a outro construido com figuras humanas, plantas e bichos. Em ambos os casos personagens de pequena pantomima de sentidos amplos, universais, algo enigmático, firmemente plantado em alguma realidade aparentemente proxima. Lugar (que pode sera folha e pode ser a noite) onde as coisas da distração e o devaneio são tão ciencias, rigorosas, de investigação quanto o uso de métodos ou a invenção de medidas.
Da síntese (da articulação, da justaposição), mas também do choque (do atrito, das dissonâncias) entre as duas miradas, resulta uma folha-mundo, que que observada com atenção, estabelece parâmetros. É a ética dramática da gravura, com seu saber-se modernidade antiga.O campo estético aponta na direção da consciêcia da superfície, "faca só lâmina" contra o ilusionismo acadêmico - os trabalhos de Paulo Lisboa criam, não reproduzem e nem transcrevemo mundo. Os signos são ambiciosos: vão da linha batimento emotivo até a delicada( e irônica) elaboração de figuras, uns e outros tanto a chamar quando a esnobar o que pode dizer a palavra.
Há alguns procedimentos privilegiados. Como eleger algo, do discurso visual ou do concreto, e colocá-lo em destaque ou em discussão.
A prática deixa a sugestão de vontade de colocar o eleito em contexto. É ai, sugere o artista afeito ao relacional (não ao arquetípico), que acontece o sentido. Esse, por sua vez, é um balanço que sinaliza (e relativiza) o micro e o macro. Que aponta continuidades, quando interressa, ou, dicreto, observa convivências e simultaneidades quando assim pede a narrativa. Existem cortes: afinal não se trata de oferecer plenitudes, totalidades, absolutos. Questões que, afinadas, levam, de jeito lúdico, a fruição até um ponto reflexivo.
Impressiona, no trabalho de Paulo Lisboa como questões densas acontecem com naturalidade estonteante. Há qualquer coisa de ourives-filósofo (ou de um fabricante de vaga-lumes, para usar a imagem de uma gravura do artista) no modo como ele modula a expressividade. Com relação à atual exposição, vale observar um caminhar. Ultrapassado o momento da técnica como linguagem, existe a construção de um pensar, sentido afetuoso e intrigado com afinidades e o que é dasafim, com revelações, com a cena e do obsceno, com o dentro e fora do humano. motivos centrais, motivos a margem, sopra o artista.
Walter Sebastião
em catálogo de exposição Galeria BDMG - Março 2006 - Belo Horizonte MG.
"Sou destes homens que se interessam igualmente pelo finito e pelo infinito".
Murilo Mendes
Uma exposição do mineiro Paulo Lisboa, ainda mais uma coletânea de trabalhos realizados entre 1979 e 2003 é, definitivamente, uma mostra especial. É possibilidade, criada pelo proprio autor, de ver trabalhos e obras de expressividades e qualidades tais que, cada encontro com uns ou outra, é sempre um prazer. tão intenso que supera o pouco conhecimento que eventualmente, possamos ter sobre o artista e deixa a impressão que o gravador é (ou só pode ser) um dos melhores artistas brasileiros em atividade. E, não fosse indimensionável que existe na expressão, pode-se dizer que é mesmo.
Paulo Lisboa constrói cenas cujos motivos (graduados, mesclados, combinados, opostos) são a afirmação do discurso plástico e uma observação existencial do cotidiano. Que, por sua vez, tem irresistível sabor de narrativas, de prosa sobra a arte e o mundo, tendo a "vida" (essa flutuação e ação humana entre dimensões díspares) como metáfora e mediação entre as duas coisas. Assim, a criação de um texto ótico, abstrato, composto por rasuras, texturas, linhas, sinais, existe junto a outro construido com figuras humanas, plantas e bichos. Em ambos os casos personagens de pequena pantomima de sentidos amplos, universais, algo enigmático, firmemente plantado em alguma realidade aparentemente proxima. Lugar (que pode sera folha e pode ser a noite) onde as coisas da distração e o devaneio são tão ciencias, rigorosas, de investigação quanto o uso de métodos ou a invenção de medidas.
Da síntese (da articulação, da justaposição), mas também do choque (do atrito, das dissonâncias) entre as duas miradas, resulta uma folha-mundo, que que observada com atenção, estabelece parâmetros. É a ética dramática da gravura, com seu saber-se modernidade antiga.O campo estético aponta na direção da consciêcia da superfície, "faca só lâmina" contra o ilusionismo acadêmico - os trabalhos de Paulo Lisboa criam, não reproduzem e nem transcrevemo mundo. Os signos são ambiciosos: vão da linha batimento emotivo até a delicada( e irônica) elaboração de figuras, uns e outros tanto a chamar quando a esnobar o que pode dizer a palavra.
Há alguns procedimentos privilegiados. Como eleger algo, do discurso visual ou do concreto, e colocá-lo em destaque ou em discussão.
A prática deixa a sugestão de vontade de colocar o eleito em contexto. É ai, sugere o artista afeito ao relacional (não ao arquetípico), que acontece o sentido. Esse, por sua vez, é um balanço que sinaliza (e relativiza) o micro e o macro. Que aponta continuidades, quando interressa, ou, dicreto, observa convivências e simultaneidades quando assim pede a narrativa. Existem cortes: afinal não se trata de oferecer plenitudes, totalidades, absolutos. Questões que, afinadas, levam, de jeito lúdico, a fruição até um ponto reflexivo.
Impressiona, no trabalho de Paulo Lisboa como questões densas acontecem com naturalidade estonteante. Há qualquer coisa de ourives-filósofo (ou de um fabricante de vaga-lumes, para usar a imagem de uma gravura do artista) no modo como ele modula a expressividade. Com relação à atual exposição, vale observar um caminhar. Ultrapassado o momento da técnica como linguagem, existe a construção de um pensar, sentido afetuoso e intrigado com afinidades e o que é dasafim, com revelações, com a cena e do obsceno, com o dentro e fora do humano. motivos centrais, motivos a margem, sopra o artista.
Walter Sebastião
em catálogo de exposição Galeria BDMG - Março 2006 - Belo Horizonte MG.
sábado, 6 de junho de 2009
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